domingo, 14 de março de 2021

Ecos de Outouno


E aí estão os primeiros ecos do Outono.

Insinuam-se nas folhas mortas caídas, nas árvores que se vão despindo, nas aves que fogem do frio.

Um castanho discreto, um amarelo sol, uns cabelos brancos, umas rugas e uns olhos cansados a mirar esses ecos.

Como amar o que já é morto? São oiro velho que lembra a Primavera florida e o Verão quente já passados.

Cavalinho a relinchar, caminhando a trote, certo, seguro do caminho que trilha.

Ninguém ama tocar árvores despidas, nem corpos enrugados.

Sorriso com cheiro a velho, que repugna, sórdido e cruel na solidão que transporta.

Mas o ouro velho e as folhas mortas caídas escondem o segredo da alma que nunca envelhece, do sonho que recusa ser árvore despida.
A Alma, ah, essa nunca será velha. Nunca se recusará tocar outras almas.

Rir-me-ei do Inverno e de um corpo velho se a eles chegar, nunca serão comandantes do navio desta alma. Porque em cada fim há a promessa de um retorno.

De olhos abertos. De sorriso nos lábios. Em frente até à eternidade. Que nada menos que isso se pode aceitar. 

 

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