sábado, 4 de junho de 2011

Força Zé!

Faço parte da geração que cresceu a ouvir a música dos Xutos e Pontapés. Fazem parte da minha existência, como o azul do Tejo. É assim, existem e nem se questiona. O que eu sei é que no caso do Zé, foram certamente muitos anos de "xutos" e alguns "pontapés" que deixaram mossa. O resultado foi um fígado falido, e a necessidade de um transplante hepático. Ora, eu não quero que o Zé morra nem que os Xutos desapareçam. Só posso desejar força ao Zé. Mas paira uma dúvida na minha mente: sei que os médicos se debatem com um déficite crónico de órgãos para transplante. Sei também que quando aparece um candidato a transplante, os médicos vestem a pele de deuses e decidem quem vai receber o precioso órgão doado. E sei que um dos critérios de recusa passa por saber se o receptor passou uma vida a desprezar e a maltratar o seu corpo. Ora o Zé passou mesmo a vida entre "xutos e pontapés". Não estou certo que ele recebeu o seu novo fígado apenas por ser quem é. E isso causa-me uma dúvida inquietante. Será que algum anónimo que nunca "xutou" não morreu ou vai morrer por falta de um fígado, só porque teve a infelicidade de ser um simples anónimo?
Eu quero - e acredito todos nós - que o Zé fique entra nós, que a música dos Xutos continue. Mas espero que os aprendizes de deuses não se deixem apaixonar e a pôr de lado a sua ética, deixando que alguém morra, só para que a música dos Xutos continue. Talvez não, talvez esteja a ser pessimista.
Por isso digo de novo, Força Zé!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Fogo

Aquele que me atraiu e ainda me atrai. Mas agora já não corro para ele. Hoje sei que queima, é mortal. Prefiro a cobardia da distância, ou talvez de apenas o idealizar. Mas não me reaproximo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Aquilo que não saberás

Pedro Bernardo, Espanha, 22 de Maio de 2011

Aquilo que não saberás, é que o que para mim ficou de melhor deste fim de semana de voos por terras de Espanha, não foram exactamente os voos: o melhor mesmo foi aquele passeio nocturno até ao ribeiro, entre silêncios e pirilampos. Sem quase nos conhecermos, e eis-nos disponíveis para a partilha tranquila de sonhos, passado e presente. Sem expectativas, sem o peso nem as amarras de qualquer compromisso, duas pessoas pouco mais que estranhas, mas numa sintonia cúmplice de quem sente o que fala. E sobretudo, sem medo.Que as térmicas te levem alto, em voos de sonho realizado.
Ficou por cumprir o abraço fraterno.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não basta uma vida.

Nunca como hoje me pareceu tão claro: uma vida não basta! Serão necessárias muitas vidas para resolver todos os desencontros de uma só.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Laboratórios Sociais - Imperios Inca e Maia

Regressei hoje a alguns textos de Antropologia Política, depois de reflectir sobre o Filme Apocalypto do Mel Gibson. Foi nesta cadeira que estudei dois grandes impérios das Américas pré-colombianas, apresentados em confronto de organização social: O império Inca, baseado na fraternidade: havia estratificação social, mas esta era pouco acentuada. A terra era um bem comum, e o império fornecia sementes para a produção. O exercito controlava as populações, mas não se baseava no uso excessivo da força. O império incentivava as manifestações de alegria, o trabalho era simultâneamente festa. Mais a norte, no Iucatão, outra civilização: os Maias. Um estado construído sobre o terror, a opressão, o medo. É essa realidade que Mel Gibson retrata, do meu ponto de vista, de forma espantosa. Para a Antropologia importa sobretudo o estudo de sociedades tão distintas, em espaços diferentes mas ao mesmo tempo, demonstrando desta forma que a construção de uma sociedade pode obedecer a diferentes padrões. A mensagem pode ser a de que os Seres Humanos podem escolher os seus destinos, as suas formas de organização social.