sábado, 27 de março de 2021

Cometa

São belos e potencialmente perigosos: bolas de matéria gelada, entre elas água, amónia, metano, e matéria semelhante aos torrões terrestres. Já contei uns 15. 
 
Sempre que um aparecia era o entusiasmo: seria o mais brilhante, o mais espectacular. Quase nunca se concretizava. Quando chegam perto da órbita de Marte os gelos começam a ferver e a sublimar, criando uma cabeleira, e uma ou duas caudas. Ninguém sabe porque é que estes objectos longínquos de vez em quando são atirados para o interior do sistema solar, criando espectáculos celestes que durante milhares de anos causavam medo. Afinal acontecem na esfera celeste, onde tudo seria perfeito e imutável (por contraponto á Terra, sempre em mudança e sujeita a corrupção). E no entanto de vez em quando lá vinha um cometa para questionar o saber antigo. A cabeleira de poeiras e de vapor pode ser gigantesca, do tamanho de um planeta. Um núcleo cometário de poucos quilómetros pode criar um fenómeno maior que um planeta; é que além da cabeleira um cometa pode desenvolver uma ou duas caudas. Uma curvilínea, feita de material electricamente neutro e que corresponde ao caminho que o cometa faz. A outra é a cauda iónica: essa é reta, feita de material ionizado que o vento solar empurra para trás. Uma cauda cometária pode atingir milhões de quilómetros. Por exemplo, ir da órbita terrestre á órbita de Marte! Trata-se pois de um espectáculo cósmico digno de ser visto, e eu já tive o privilégio de ver muitos. Um deles foi este: o Hale-Bopp (normalmente recebem o nome do ou dos descobridores). Passou em 1997 e era facilmente visível à vista desarmada.
Até as duas caudas eram observáveis sem recurso a binóculos ou a telescópio! Belo e assustador. Não pelos motivos que os antigos acreditavam, mas porque um dia poderão colidir com a Terra. As chuvas de meteoros que acontecem durante o ano estão associadas a esses objectos. Trata-se de poeiras que ficaram em suspensão no espaço, cruzam a órbita terrestre e caem na nossa atmosfera onde ardem, fazendo um fogo de artifício natural.

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