domingo, 23 de setembro de 2012

Um dia perguntar-me-ás

Um dia, sei disso, corro o risco de me cruzar contigo, e que me perguntes: “porque não vieste? Eu queria tanto!” E aí eu vou ter que te responder: porque para ir ter contigo, teria que responder a perguntas que não queria ouvir. Que iria ser julgado por quem não tinha o direito de o fazer, não por aquilo que sou, mas pelos fantasmas que existem na cabeça dos outros. E tu dirás: “Mas eu era apenas uma criança que queria um pai, porque é que tive que ser eu a receber o castigo?” E eu só poderei pedir-te perdão, pela falta de coragem para enfrentar o mundo. Eu sei, às vezes estamos sozinhos contra o mundo, e no entanto sabemos que somos nós que estamos certos. O meu grande e imperdoável pecado foi apenas a falta de coragem. E por isso enfrentas-te o mundo sozinho, quando mais querias estar acompanhado, quando querias ter caminhado de mão dada comigo.