domingo, 30 de novembro de 2008

Momento de lucidez

Por um instante tomo consciência de que não ficarão filhos da semente, e nem talvez mesmo dos sonhos. Como não almejo a eternidade, não me sinto compelido a criar obra que me eternize, o que me deixa um espaço ilimitado para o espírito. Não quero deixar nada de especial. Quero apenas olhar o mundo e as pessoas. E isso dá-me uma súbita alegria, uma sensação de amarras soltas. Talvez desta vez não tenha vindo cá para fazer nada de especial. Não quero poder, nem muito menos dinheiro, e nem sequer a eternidade.

Humildade

A humildade é uma lição que às vezes a vida de encarrega de nos ensinar.

Liberdade

Sempre foste um homem livre. Livre de preconceitos, livre nas ideias, livre nos compromissos.
Reencontrei-te há algum tempo no Bairro Alto. Conversámos. Não foi necessário dizeres, a cara de parêntesis e as evidências de lipodistrofia - tive o bom senso de fingir não reparar - evidenciam o teu estado. Dizes ter uma nova companhia. Posteriormente descubro que fazes questão em não proteger nem a tua companhia nem ninguém. Lamento imenso. A imagem do amigo de há 20 anos é apenas isso. Uma imagem que o tempo esbateu. Quase não te reconheço.
Se algum dia foste escravo de alguma coisa, creio bem que tenha sido apenas dessa tua liberdade que não conhecia limites.


sábado, 29 de novembro de 2008

Mais sinais

Sinto-me muito, muito burro!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Isto não está certo - Sinais

Mas o que é isto?! Vindo de quem vem, e exactamente num dia 13 de Maio??!!!
Cada vez percebo menos. São apenas coincidências? Alguém me explica o significado de tudo isto?

Via pessoalíssimo

Brideshead Revisited

Revisitei Brideshead, desta vez no cinema. Magnifico. Pudesse o verão não acabar nunca.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Haja alegria

Johann Strauss - Radetzky March - Abbado Vienna 1991

Sonata ao Luar

Mais palavras (as minhas)

É comum e recorrente aperceber-me que durante as minhas intervenções nas aulas, alguns colegas, jovens e menos jovens, não parecerem apreciar as mesmas. Paciência. Não falo "para mostrar que sei". Estou-me positivamente a borrifar para quem assim pensa. O conhecimento para mim só existe para ser partilhado. Nunca o usei, não o uso, e nunca o usarei para exercer poder sobre os outros, embora (e talvez por isso mesmo) saiba o poder que o conhecimento significa. Mas não irei por aí. Necessito de pouco, muito pouco, e desse muito pouco, apenas necessito de um pouco. Na verdade, além de um pedaço de terreno com dois metros de comprimento, um de largura, e um de fundura, pouco mais peço.

Não passo as aulas a "bichanar" com o colega do lado. É de uma enorme falta de respeito para com os colegas e para com o professor. Corta completamente o fio condutor do pensamento. Mas afinal, quem assim procede na verdade não está ali para aprender, mas sim para levar o tão almejado "canudo". Desejo-lhes boa sorte, irão precisar dela! Quando alguém intervém, mas para acrescentar alguma coisa à aula, fico-lhes muito grato. Eu sempre gostei de aprender coisas novas, e tenho a humildade de admitir a minha ignorância quando ela existe, da mesma forma que não tenho a imodéstia de fingir ser ignorante noutras matérias, para não incomodar os outros. Nunca fiz, não faço, e não farei a a ninguém o favor de me deixar calcar, só porque é mais fácil sentirmo-nos mais elevados, não pelo esforço de elevação, mas simplesmente porque mandamos os outros para baixo. Num curso de Antropologia, que supostamente nos pretende dar alguma bagagem em Humanidades (e em Humanidade, espero eu), custa ter que partilhar tais momentos de saber com tal gente. Mas enfim, não se pode escolher. Parece que o "Ensaio sobre a Dádiva" do Marcell Mauss lhes passou ao lado. Pode ser que um dia voltem a ler e que o façam com outros olhos. Até lá, desejo-lhes as melhoras. Se as coisas piorarem, tenho sempre a possibilidade de pôr algum "burgesso" na ordem. Já o fiz muitas vezes ao longo da vida. E se o tiver que fazer de novo, farei. E se alguém me disser que eu estou errado, procurarei certificar-me do meu erro. Agora, que ninguém espere que pactue com gente mal formada e mal educada, sem berço, e convencida que é esperta. Admiro a inteligência, abomino a esperteza saloia. Quem quiser que "enfie o barrete". Entretanto, há algumas pessoas que nos entendem. E são sobretudo essas que valem a pena. De outra forma, a solidão seria infinita.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Che, por ele mesmo

Créditos: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u445.jhtm

Solo palabras

E muito mais do que palavras, atalhos que nos permitem vislumbrar almas
_____ /_____

" 20 años de estar juntos
esta tarde se han cumplido
para ti flores, perfumes
para mi, algunos libros

No te he dicho grandes cosas
porque no me habrian salido
ya sabes cosas de viejos
requemor de no haber sido.
Hace tiempo que intentamos
abonar nuestro detino
tu bajabas la persiana
yo apuraba mi ultimo vino.

Hoy en esta noche fria
casi como ignorando el sabor
del la soledad compartida
quise hacerte una cancion
para cantar despacito
como se duerme a los niños
y ya ves,solo palabras
sobre notas me han salido
que al igual que tu y que yo
ni se importan ni se estorban
se soportan amistosas.
mas no son una cancion
que helada esta casa !
sera que esta cerca el rio
o es que estamos en invierno
y estan llegando,estan llegando...
los frios.


Patxi Andion



terça-feira, 25 de novembro de 2008

A estrada da Beira e a beira da estrada

E os ilustres aprendizes de Antropólogos continuam na "sua" de que o incesto é uma pura construção cultural. Está bem, fique lá com os pedais... Agora eu é que não estou pelos ajustes, e não tenho a mínima intenção de deitar anos de biologia para o lixo. A biologia não inventou a sexualidade por acaso. Esta tem um papel fundamental: a troca de material genético, de gâmetas, que promove a diversidade genética. E esta é fundamental para a sobrevivência de uma espécie. e para a evolução. De outra forma a natureza podia muito bem continuar a reprodução por outras vias. A simples divisão celular, ou a clonagem, que os pulgões tão bem praticam. Essas formas de reprodução duraram milhões de anos, até à "invenção" de uma reprodução mais avançada chamada sexualidade. Mesmo as plantas, que são na generalidade hermafroditas, usam a polinização cruzada. Nos animais, onde a diferenciação sexual é a regra, encontramos exemplos de hermafroditismo. Por exemplo, os caracóis são hermafroditas. No entanto, não se fecundam a si próprios. Em vez disso, procuram sempre um parceiro para copular. A simples observação dos comportamentos sexuais demonstra que a consanguinidade (e por consequência o incesto, tal como ele é entendido nas modernas ciências) é um tabu universal. A natureza sabe muito bem que o incesto "promove" exactamente aquilo que a sexualidade combate. A diversidade é boa para os genes, para a perpetuação da vida e para a sua evolução.
A sexualidade tem custos enormes em termos de gasto energético. Quem de nós ignora o trabalho que dá sair nas noites de sábado para encontrar uma parceira/parceiro? Havendo fêmeas ou machos mais próximos, não seria menos custoso usa-las? Claro que podemos encontrar exemplos de incesto. O cão que não tiver outras oportunidades de parceiras que não as suas irmãs ou mãe acabará por copular com elas. Mas em meio natural nenhum canídeo nem nenhum mamífero praticará a consanguinidade. Os babuinos por exemplo expulsam os jovens machos do grupo para posições marginais, obrigando estes a copular fora do grupo consanguíneo. No seio da humanidade, por desvio comportamental ou por imposição cultural (Por exemplo nas dinastias sagradas dos Incas ou dos Faraós), o incesto pode ser praticado. No último exemplo, aí sim, temos uma construção puramente cultural. Não compreender isto é não perceber nada de biologia, arriscando-se os distintos Antropólogos a procurar compreender o Homem, sem passar pela biologia. Mas desta forma, teremos "cientistas sociais" que confundem a Estrada da Beira com a beira da estrada. E ficam convencidos de que são a mesma coisa. E sairão da faculdade muito doutos, a saber imenso de cultura, mas muito pouco da verdadeira natureza Humana. Porque, pôr o Homem fora da biologia, em pleno século XXI, é no mínimo divertido.

A sério : leiam mais biologia, química, e ciências exactas em geral. Para não saírem coxos do curso.

PS. Não convirá ignoar que para além dos 5 sentidos, existe um outro que normalmente é ignorado, e que parece ter um papel fundamental. Situa-se no interior dos nossos narizes, e até há pouco tempo era considerado um apêndice inútil. Estudos recentes parecem apontar antes para um "detector" de feromonas, moléculas sem cheiro, mas transmissoras de informação vital. Esperemos pelos avanços das ciências para saber qual o verdadeiro significado destes processos de troca de informação. Entretanto, procurem saber a origem da palavra "feromona".

São tudo animais que falam



Contava um destes dias um amigo que um grupo de gays tinha saído à noite, tendo-se cruzado com um grupo de negros. Estes, ao verem o primeiro grupo, desataram em algazarra, comentando que tinham solto os "veadinhos". Como resposta, um deles comenta para o seu grupo, que tinham aberto a jaula dos "macaquinhos". Dada a sua corpulência, os outros acharam por bem não ripostar., preferindo "meter a viola no saco"... ao que o primeiro perguntou - Quem foi que vos abriu a jaula hein?

"Amor" com "amor" se paga. É curioso ver que pessoas ostracizadas pela sociedade envolvente ainda assim conseguem ostracizar outras, por motivos obviamente semelhantes. No caso a cor da pele, ou a orientação sexual. Mas neste apontamento parece que alguém aprendeu uma lição. Ou não?

domingo, 23 de novembro de 2008

Isto não está certo!

Anda um homem durante uma vida inteira a lutar pelo saudável cepticismo científico, a pôr certos fenómenos no campo da psicologia colectiva e da moderna mitologia, e vêm agora uns tipos contar umas "estórias" destas!!? Isto não está certo! Acontece que estes senhores não são quaisquer uns.

São veteranos da Lua, dos projectos Mercury, Gemini e Apollo. São heróis dos E.U.A mas também do mundo. Julguem por vós mesmos. E digam-me o que pensar, que eu de repente fiquei muito, muito confuso!

Para quem quer saber mais sobre estes três senhores, aqui ficam os links.

Edgar Mitchell

Buzz Aldrin


Gordon Cooper








Verdades de La Palisse


Não te disse, mas fica sabendo: ficas muito melhor quando vences o medo e sorris :)

E também não te disse, mas foi o mais estranho nascimento do Orion aquele a que assisti.

15 minutos


Clique sobre a imagem, para leitura completa.


15 minutos, e já sei mais alguma coisa. Acabo de encontrar uma nova referência!

sábado, 22 de novembro de 2008

Sobre o amor ( Khalil Gibran em O Profeta )

Quando o amor vier a ter convosco, recebai-o.
Embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos.
Quando as suas asas vos envolverem,
abraçai-o, embora a espada oculta sob suas asas vos possa ferir.
E quando ele falar convosco, acreditai,
Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará.
Assim como é para o vosso crescimento, também é para a vossa decadência.
Mesmo que ele suba até vós e acaricie seus mais tenros ramos que tremem ao sol,
Também até suas raízes ele descerá. E as sacudirá, enquanto elas se agarram a terra.
Como molhos de trigo ele vos junta a si. Vos apanha para vos pôr a nu.
Vos peneira para vos libertar das impurezas,
E vos mói até a alvura.
Vos amassa até vos tornardes moldáveis;
E depois vos entrega ao seu fogo sagrado, para que vos torneis pão sagrado,
Para a sagrada festa de Deus.
Todas estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso coração,
E com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da vida.
Mas, se receosos procurardes somente a paz do amor e o prazer do amor,
Então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor.
Saiais para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo o vosso riso.
E chorareis, mas não com todas as vossas lágrimas.
O amor só se dá a si e não tira nada, senão de si.
O amor não possui nem é possuído;
Pois o amor basta-se a si próprio.
Quando amardes não deveis dizer: "Deus está no meu coração",
Mas antes, "Eu estou no coração de Deus".
E não pensais que podeis alterar o rumo do amor,
Pois o amor se vos achar dignos dele, dirigirá seu curso.
O amor não tem outro desejo, que não seja de preencher a si próprio.
Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos:
Fundir-se. E ser como um regato que corre e canta sua melodia para a noite.
Amai e amai sempre. Para conhecer a dor de tanta ternura,
E ser ferido pela vossa própria compreensão do amor.
Amai para sangrar com vontade, e alegremente.
Amai para despertar de madrugada com um coração alado,
E dar graças a Deus por mais um dia.
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Sublime.
Ainda não sei se foi escrito por um homem ou por um anjo! Mas o meu espírito ficou a vibrar, como as cordas de um violino.
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Créditos :http://www.webartigos.com/articles/820/1/sobre-o-amor-khalil-gibran-em-o-profeta/pagina1.html

http://leb.net/~mira/

http://www.scribd.com/doc/3220642/O-PROFETA-de-GIBRAN-KHALIL-GIBRAN

Kitaro

Matsuri

Hajimari Sozo

Um dia...

Um dia, prometo, falarei de mim. Não é fácil mexer nas nossas entranhas, sobretudo para quem sempre recusou "anestesias". Causa dor, desconforto. Estou a abalançar-me. Mas um dia, prometo...

Duas Senhoras e um Senhor




"Amália e Natália [Correia] tiveram vidas afectivas desniveladas, desconvencionais, como sucede aos que não saem à procura da paixão, porque sabem que estão fora dela. Cedo perceberam que a felicidade amorosa não existia para elas, excluídas que foram, pela excepcionalidade transportada, da sua simulação".

Dacosta, Fernando (2008) Os Mal Amados - As confidências inéditas das figuras que construíram o Portugal como o conhecemos, Lisboa: Casa das Letras

Infinitos


"Só conheço dois infinitos: o universo, e a estupidez humana. Quanto ao universo, ainda tenho as minhas dúvidas". Albert Einstein, (14 de Maio de 1904 - 26 de Julho de 1973).

A rota da seda

O mundo, antes de Vasco da Gama.

Créditos : http://www.ess.uci.edu/~oliver/silk.html

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira

Saramago no seu melhor, e muito bem adaptado ao cinema. Excelente, actualíssimo, a não perder!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

À memória da Gisberta

Esta é para ela, mas também para ti... Porque não passou impune nos nossos espíritos. E porque o combate à estupidez humana e à boçalidade nunca tem fim.

Gis. Não sabia que existias, até ao dia em que foste triste notícia. Possa o Universo permitir que sejas agora espírito, e que o teu espírito possa repousar em paz. Perdoa a quem te fez passar por essa terrível provação. Apesar de tudo a existência foi boa para eles. Podem permanecer por uma longa vida, e moldar as suas almas. Para eles ainda existe a possibilidade de redenção. Afinal o barro existe apenas para poder ser moldado.
Aos jovens não bastariam palavras. Pouco sei sobre eles. Enjeitados, filhos que ninguém quer, gente em início de vida, educados na escola da rua e do abandono.
Personalidades (de)formadas na dura escola da vida? Talvez. E os anos que viveram, não lhes bastaram para aprender a escolher? O livre arbítrio ainda lhes é desconhecido? E com que idade deve uma pessoa ser responsabilizada pelas escolhas que faz?

Podemos sempre perdoar aquilo que nos fazem, mas jamais podemos perdoar aquilo que alguém faz a outrem. Apenas posso esperar que o tempo que me resta permita que um dia estas pessoas possam dizer que se arrependeram, que não sabiam o que estavam a fazer. Mas que não paire nos seus espíritos a esperança de que tudo esquece. Eu não esqueço. Por ela. Por ti. Por todos nós.


Tanto por dizer

Haveria ainda tanto por dizer... mas não o poderíeis suportar!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Premonição


Não sabia quando, não sabia como, mas sabia que um dia aconteceria. E aconteceu. Não exactamente como imaginei - como de resto tudo na minha vida - mas acabei mesmo por ir conhecer o Luso, e trazer de lá memorias que não esquecerei. A sensação de "dejá vue" acompanho-me durante esse magnífico fim de semana. Pareceu-me "cheirar" símbolos maçónicos em vários lugares. Aliás, o sítio tem algo de Sintra, excepto, para deleite meu, a confusão costumeira do "Monte da Lua". Aquela magnífica fonte em escada, provocou-me um verdadeiro arrepio. Construção romântica, absolutamente artificial mas plenamente conseguida, trouxe uma remanescência do passado, uma pintura clássica de uma idealização do jardim do Éden da minha infância. E ali estava ela, diante dos meus olhos! Em silêncio saudei Dionísio, pois aquele espaço era definitivamente Dele. Subi as escadas de pedra cobertas de musgos, avencas e líquenes, molhei as mãos, aspergi algumas gotas de água. Não me surpreende que as fontes sejam consideradas sagradas por tantas culturas, e ao longo de tantos milénios. Faz todo o sentido. Este é pois um lugar do profano. Senti a presença do panteão do Olimpo. Não outro. Subi mais um pouco. Por detrás da fonte descubro as ruínas de uma capela cristã. Sorrio. Cristo não precisa de templos de pedra, creio que habita outras moradas. Definitivamente, este é um Espaço de Dionísio, de ninfas, pagão por excelência, não de campanários e sinos!
Regresso a Lisboa com a sensação de etapa cumprida, serena, tranquila, numa abrangência que apenas eu poderei eventualmente tentar abarcar. Uma estranha premonição varre o meu espírito.

Desejo poder voltar um dia. Seja também esta a vontade dos Deuses.

domingo, 16 de novembro de 2008

Carl Sagan "Pale Blue Dot"

E por falar em pontes... 25 de Abril sempre, sempre...

A ponte & o Cristo Rei


Foi um tranquilo início de noite de sábado, ainda que em pleno Bairro Alto. Um velho amigo que se ausentara por mais de um ano havia regressado a Lisboa, e com o regresso o inevitável jantar no "Sinal Vermelho", que já se tornou um ritual. Ambos apreciamos a tranquilidade do local no início da noite de sábado. A comida excelente, a simpatia dos donos e funcionários, o espaço desafogado (dentro dos padrões do Bairro Alto), tudo leva à nossa "amena cavaqueira" de quem se conhece muito bem, e tem um ano de conversa em atraso. Quando a nossa refeição termina, já a avalanche de clientes se junta à porta, esperando por lugar. sorrimos, como sempre. Nenhum de nós embarcou alguma vez no "filme" do jantar às 11 da noite!
Resolvemos ir tomar o café noutro local. Sugiro-lhe um pequeno bar com esplanada junto ao miradouro do Adamastor. O facto de ficar um pouco mais baixo faz com que passe discreto (felizmente). E àquela hora ainda não se abriu o "clube charro" que nos últimos anos se reúne junto ao Adamastor. A serenidade do início de uma noite sem vento, sem frio, e com uma Lua ainda cheia convidavam à pequena esplanada debruçada sobre o Tejo.
Quando nos aproximamos do local, um jovem casal de estrangeiros aproxima-se. Ela, magra, belíssima (viria a saber um pouco mais tarde que é italiana). Ele, alto, louro, falando um português bastante perceptível com forte pronúncia nórdica, um "ariano puro", de Weimar (informa-nos. Alemanha - desconfiado que ninguém ali saberia da antiga república de Wiemar). Pergunta-nos o jovem se o palácio ao lado, de portas escancaradas se podia visitar. Digo que sim, que habitualmente acontecem exposições e eventos visitáveis. Agradece. De seguida, com um sorriso largo no rosto, pergunta-nos se conhecemos a letra do "mais famoso fado português". Começa a trautear "de quem eu gosto, nem às paredes...). Conheço perfeitamente o dito fado - haverá algum português que não o conheça? - mas de repente não consigo lembrar a letra completa. Digo-lhes que não sou o melhor apreciador de fado do mundo, mas que Amália é para mim um caso aparte. Desconhece o nome. Pego num papel e escrevo-lhe dois ou três nomes de referência, para uma possível pesquisa na net. Amália, (é claro), mas também o Carlos do Carmo, a Hermínia e o Marceneiro. Agradece-nos (a namorada não fala português). Digo-lhes que vamos tomar um café ali ao lado, e fica o convite ao jovem casal para se juntar a nós. Eles dirigem-se ao palácio, nós seguimos para a esplanada. Alguns minutos depois aparecem. Não quiseram pagar 10€ para ver uma exposição de mobiliário moderno. Reiteramos o convite, e aí vamos nós tomar um café. Do seu lado, pediram um moscatel de Setúbal (boa escolha, penso eu). A jovem, apesar de não falar português, entende a maior parte da conversa. O meu amigo, por seu lado, só fala português. Desta forma, o diálogo foi-se desenvolvendo entre o inglês, o português, o alemão, o francês (que partilho com a jovem Sophia) e o italiano. Que bela representação da Europa. Ali estava um grupo improvável, de cidadãos desta Europa que tem de facto - cada vez me convenço mais disso, uma matriz comum, que tem assuntos que a todos nos toca enquanto europeus. A diversidade, sobretudo das línguas, os diferentes fenótipos, mas coisas em comum. Voltamos ao fado, às suas prováveis raízes, à Mouraria. Explicam-nos que são estudantes Erasmus. O jovem Alemão confessa que Portugal foi uma aventura no desconhecido, mas demonstra estar rendido. Fala inclusive em comprar casa. A jovem não me parece tão convencida, diz meio a rir meio a sério (preocupação?) que o seu namorado se apaixonou pelo nosso país. Ora aí está algo digno de ressalva. Um alemão apaixonado por esta comunidade imaginada a que chamamos Portugal (ainda que imaginada há muito mais tempo que outras, como a Alemã, a Italiana, ou qualquer outra nacionalidade Europeia). Vou relembrando a letra do fado que o jovem me tinha pedido, e vou-lha dizendo. Falamos dos respectivos cursos, (surpreendem-se por andar na universidade tão velho), fala-mos do mundo, de cultura. Entrego-lhes um pequeno papel com o meu mail. Em breve teria-mos que ir embora, mas parto com a sensação de que ficou ainda muito por dizer, por partilhar, neste encontro improvável, mas muito, muito enriquecedor. Tinha conhecido o Mosteiro de Alcobaça. Quer saber quem repousa nos dois túmulos nas laterais da nave central. Falho-lhes da nossa versão (real) de Romeu e Julieta, de Pedro e da bela Inês, que depois de morta foi rainha, do mito do "beija mão", do porquê estarem de frente um para o outro . Numa Europa que traz consigo tantas guerras e devastação, ficou este pequeno apontamento. Uma ponte entre pessoas tão diferentes e tão iguais, com a 25 de Abril que brilhava lá mais em baixo, com um enorme Cristo Rei que parecia estar mesmo a abençoar Lisboa. Creio que ainda nos voltaremos a juntar todos, pois quando partimos ficamos todos com a sensação de que ficou muito por dizer, por contar. Se assim for, será seguramente um prazer.


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

De corpo e alma























"Quem toca um corpo, ainda que fuzamente, toca também uma alma".

David Leavit, in "Enquanto a Inglaterra dorme".

Créditos:
http://pinturasespeciaisecia.com.br/

E ainda, a melhor das melhores...

Porque, - vocês não sabem, mas o meu mundo é cheio de música!



quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Inch'Allah - Em duas versões

A mesma música, pela Amália

Estado d´ alma







Et si tu n'existais pas
Dis-moi pourquoi j'existerais
Pour traîner dans un monde sans toi
Sans espoir et sans regret
Et si tu n'existais pas
J'essaierais d'inventer l'amour
Comme un peintre qui voit sous ses doigts
Naître les couleurs du jour
Et qui n'en revient pas

Et si tu n'existais pas
Dis-moi pour qui j'existerais
Des passantes endormies dans mes bras
Que je n'aimerais jamais
Et si tu n'existais pas
Je ne serais qu'un point de plus
Dans ce monde qui vient et qui va
Je me sentirais perdu
J'aurais besoin de toi

Et si tu n'existais pas
Dis-moi comment j'existerais
Je pourrais faire semblant d'être moi
Mais je ne serais pas vrai
Et si tu n'existais pas
Je crois que je l'aurais trouvé
Le secret de la vie, le pourquoi
Simplement pour te créer
Et pour te regarder

Et si tu n'existais pas
Dis-moi pourquoi j'existerais
Pour traîner dans un monde sans toi
Sans espoir et sans regret
Et si tu n'existais pas
J'essaierais d'inventer l'amour
Comme un peintre qui voit sous ses doigts
Naître les couleurs du jour
Et qui n'en revient pas



E ainda..
Não podia faltar:

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

We miss you, dr Sagan

Sou, seguramente, um dos muitos milhões a quem Carl Sagan tocou a alma.

Para mim a palavra certa é: SAUDADE!



quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lições de vida


Momento de viragem

Quando o imperador Juliano, o Apóstata (331-363), mandou fazer uma consulta ao oráculo de Delfos, consta que a pitia terá respondido a chorar : Digam ao imperador que o templo glorioso caiu em ruínas; O Deus (Apolo) já não mora aqui; as folhas dos lauréis estão silenciosas, as fontes sagradas e proféticas secaram, estão mortas.”

Creio que ester terá sido porventura um dos momentos de maior viragem na história da Humanidade!
Estima-se que o oráculo de Delfos tenha começado a funcionar nos finais do segundo milénio antes de Cristo, isto é, entre 1200-1100 a.C. , tornando-se célebre, entre tantas outras coisas, por ter previsto o fim do reino da Lídia e eternizando-se para sempre na literatura ocidental ao ser citado na peça de Sófocles “Édipo Rei”, quando informara o personagem central de que ele “mataria o pai e casaria com a própria mãe”. Não houve grego famoso naqueles quase mil e quinhentos anos de prática da vidência que não lhe fizesse uma visita, tentado averiguar que futuro o aguardava.

Fazem parte da sua galeria ilustre uma boa quantidade de generais e conquistadores, inclusive os comandantes romanos que ocuparam a Grécia no século II a.C. Consta que, depois da sua quase destruição ocorrida no século VI a.C., quando o templo foi reconstruído com dotações pan-helénicas, coube ao imperador Nero submeter o oráculo de Delfos e suas cercanias a um saque que lhe rendeu mais de 500 estátuas levadas depois para Roma. O local foi fechado finalmente pelo imperador Teodósio, em 385, por ocasião da sua campanha antipagã , pois o cristianismo encaminhava-se para tornar-se a religião oficial do Império Romano e via aquele espaço oracular como um centro da superstição a ser combatida.

Porém, Delfos já se encontrava em total decadência bem antes de ser definitivamente enclausurado, naufragando com o declínio do paganismo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Sorriso

Parto com um grande sorriso... Porque será ?

;)

Uma música paira no ar: http://www.youtube.com/watch?v=D1Fcaro25Ek