Um dia, sei disso, corro o risco de me cruzar
contigo, e que me perguntes: “porque não vieste? Eu queria tanto!” E aí eu vou
ter que te responder: porque para ir ter contigo, teria que responder a
perguntas que não queria ouvir. Que iria ser julgado por quem não tinha o
direito de o fazer, não por aquilo que sou, mas pelos fantasmas que existem na
cabeça dos outros. E tu dirás: “Mas eu era apenas uma criança que queria um
pai, porque é que tive que ser eu a receber o castigo?” E eu só poderei
pedir-te perdão, pela falta de coragem para enfrentar o mundo. Eu sei, às vezes
estamos sozinhos contra o mundo, e no entanto sabemos que somos nós que estamos
certos. O meu grande e imperdoável pecado foi apenas a falta de coragem. E por
isso enfrentas-te o mundo sozinho, quando mais querias estar acompanhado, quando querias ter caminhado de mão dada
comigo.