domingo, 5 de outubro de 2008

Faça-se Lux!

Noite de Sábado, data em que cumprias mais uma órbita em torno do Sol, e uma boa razão para comemorar. O dia começou cedo, e à hora tardia do encontro - meia-noite e meia, já o corpo pedia cama. Mas nem me passava pela cabeça não aparecer. Naturalmente que a hora só seria tardia para mim, já que a noite de Lisboa parece começar às 3/4 da manhã! como eu gostava de entender certas coisas... por exemplo, a cabeça das pessoas, o imaginário colectivo... Meu Deus, a esta hora já o "cota" iria praí no vigésimo sono! Mas o ambiente agradável convidava, e lá fomos nós até ao Lux. Há já vários anos que não ia lá, sabes que ambientes de discoteca não fazem "vibrar as cordas do meu violino". Mas esta era definitivamente uma data especial. E o espaço continua tão ou mais aprazível. Embora eu não seja favorável a leis e proibições, tenho que concordar que a lei do tabaco é uma espécie de bênçam! Que prazer, dançar-mos com algum espaço, sem levar com todo aquele tabaco de outros tempos. E para quem quer fumar, existem sempre os magníficos terraços da Lux. Sabias que um dos teus amigos me ofereceu um cigarro, e que eu fumei? Ficaram todos a olhar, estupefactos comigo. Não sei porquê! Sempre disse que sou de convicções mas não sou fundamentalista. E é importante construir pontes. Sei que não fiquei viciado com este cigarro. Normalmente fumo um único cigarro por ano, normalmente na festa de Natal da empresa. Este ano já queimei o único cigarro a que tinha direito. Adorei conversar com os teus amigos e familiares. É para mim importante reconstruir uma teia social, depois do isolamento auto-imposto que passei nos últimos anos. Um acontecimento trivial coloriu ainda mais a minha noite: pouco depois de chegar, uns olhos pousaram em mim, e foram-me seguindo durante a noite. Na pista de dança, vieram ter comigo e alguém elogiou a minha pessoa. No meio da música alta respondi da única forma que me pareceu apropriada. Disse-lhe que não imaginava o quanto me dava nesse gesto, já que eu tenho acreditado que nos últimos anos tenho sido invisível. Pareceu-me ver admiração e reconhecimento do seu olhar. Passados alguns segundos voltou com um sorriso, agradeceu as minhas palavras e disse-me para viver. Retribuí com um sorriso, nada mais podia dizer ou fazer. O relógio continha parado, a próxima página do livro ainda está em branco. Voltei a casa pouco depois, sorrindo pela magia desta festa inesperada, embalado pela música, pela capacidade das pessoas de continuarem a sorrir, a sonhar. Uma certa ausência deu-me tréguas por algumas horas. O coração continua a teimar em não chamar passado ao passado! Mas o sentimento de vida foi real, como uma velha amizade que se ausenta por um longo período, e um dia resolve voltar de forma inesperada.

Espero que a noite tenha sido aprazível para ti, no mínimo tanto quanto foi para mim.

Fiat Lux, Faça-se Luz!

PS. The dream remains possible. Queiram os Deuses dar-nos o tempo necessário!

Sem comentários:

Enviar um comentário