Gigantes do passado, vencidos pelo tempo.
Há um moinho de vento sem engenho que fica no Sobral da Lourinhã. Morreu com o moleiro. Os restantes são ao lado, na Pinhoa.
Em vez de abandonados foram patrimonizados, com excepção de um que foi transformado em casa de habilitação. Serviram desde o século XV, as velas são adaptadas das velas das caravelas. Até há algumas décadas toda a gente semeava trigo e milho que depois era levado ao moinho.
Em criança deslumbrava-me com a beleza e elegância destes moinhos e fazia réplicas deles. O fascínio pelo vento mantém-se até hoje. As cabaças faziam o moinho "cantar". Dentro do moinho o moleiro sabia a direcção e a intensidade do vento pelo cantar das cabaças e pelo galo de ferro no topo do capelo.
Se o moleiro morria o herdeiro cruzava a porta do moinho com uma vara do engenho. Durante o luto a boca das cabaças eram tapadas e o moinho não "cantava". A vida seguia o seu curso mas assinalava-se o período de luto. Hoje sobrevivem os moinhos patrimonializados num esforço de salvar a memória. Ao longe outros gigantes ainda maiores assinalam o curso inexorável do tempo: as eólicas aproveitam o vento, hoje como ontem. Esbeltas e gigantes, usam o vento para produzir electricidade.
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