sexta-feira, 2 de abril de 2021

A Culpa é do Lagarto

Hoje escutei um estória estranha e que me remeteu para um passado longínquo: quando era criança as mulheres da família diziam que matavam as cobras porque elas eram matreiras e vinham à noite ter com as mulheres que amamentam, agarrando os seios e roubando o precioso leite dos bebés!
Claro que eu, na inocência da infância acreditava piamente na estória. Em adulto sei interpretar o simbolismo carregado: evidentemente nenhuma mulher podia ser enganada por uma cobra ao ponto desta lhe sugar o leite sem dar por isso!
Claro que a "malvada cobra", é o símbolo do falo, porque uma gravidez logo a seguir a um parto faz secar o leite materno. A "cobra" é apenas o pénis simbólico do homem, que ao fazer amor com a mulher a faz perder o leite. Hoje ouvi uma estória semelhante: alguém viu um lagarto verde e logo se prontificou a apedreja-lo, porque sabia de uma estória de uma rapariga que ficou com a vagina estragada porque um lagarto a sentiu menstruada e tratou de a atacar entrando-lhe pela vagina.
Fantástico descobrir no Portugal profundo que em pleno século XXI estas crenças ainda subsistem. Não fui contrariar a estória, mas impedi que o pobre e belo animal pagasse por conta de medos inconscientes reflectidos em mitos que deviam ter ficado no passado.
Assim se destrói a nossa biodiversidade. Comigo não! Educadamente, mas com firmeza, nenhum animal silvestre pode ser sacrificado à minha frente!

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