quinta-feira, 8 de abril de 2021

Mar da Palha

Praia do Samouco. 9.30 da manhã. Dezenas de mariscadores, muitos deles ucranianos, avançam pelo Tejo em maré vaza. A amêijoa japonica, contaminada ou não por biotoxinas, contaminada ou não pelos temíveis metais pesados é uma tentação irresistível para quem tem que garantir sustento. O número de mariscadores é tal que já há uma roulote de comes e bebes. O lixo abandonado é mais do que muito. Um homem de etnia cigana com uma menina dos seus 6 anos insiste para que a pobre criança beba uma lata de coca cola pela manhã. Para me reduzir a angústia comemoro em silêncio a recusa da criança em ingerir tal veneno, preferindo a sandes que tinha na mão sujita.
Aumentar os impostos sobre bebidas açucaradas, ou simplesmente proibir tais venenos? Para quando fazer com o açúcar e os ácidos o mesmo que se fez com as gorduras hidrogenadas?! Nos rostos de todos o medo ou a desconfiança pela minha pessoa por não saberem quem sou. Talvez um inspector da ASAE?! Vou dando os bons dias a um ou outro para quebrar o medo. Relembro um trabalho etnográfico feito por uma brasileira na Mouraria: sou estudante, estudo o Tejo. Se alguém um dia me perguntar, está será a resposta.

 

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