segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Premonição


Não sabia quando, não sabia como, mas sabia que um dia aconteceria. E aconteceu. Não exactamente como imaginei - como de resto tudo na minha vida - mas acabei mesmo por ir conhecer o Luso, e trazer de lá memorias que não esquecerei. A sensação de "dejá vue" acompanho-me durante esse magnífico fim de semana. Pareceu-me "cheirar" símbolos maçónicos em vários lugares. Aliás, o sítio tem algo de Sintra, excepto, para deleite meu, a confusão costumeira do "Monte da Lua". Aquela magnífica fonte em escada, provocou-me um verdadeiro arrepio. Construção romântica, absolutamente artificial mas plenamente conseguida, trouxe uma remanescência do passado, uma pintura clássica de uma idealização do jardim do Éden da minha infância. E ali estava ela, diante dos meus olhos! Em silêncio saudei Dionísio, pois aquele espaço era definitivamente Dele. Subi as escadas de pedra cobertas de musgos, avencas e líquenes, molhei as mãos, aspergi algumas gotas de água. Não me surpreende que as fontes sejam consideradas sagradas por tantas culturas, e ao longo de tantos milénios. Faz todo o sentido. Este é pois um lugar do profano. Senti a presença do panteão do Olimpo. Não outro. Subi mais um pouco. Por detrás da fonte descubro as ruínas de uma capela cristã. Sorrio. Cristo não precisa de templos de pedra, creio que habita outras moradas. Definitivamente, este é um Espaço de Dionísio, de ninfas, pagão por excelência, não de campanários e sinos!
Regresso a Lisboa com a sensação de etapa cumprida, serena, tranquila, numa abrangência que apenas eu poderei eventualmente tentar abarcar. Uma estranha premonição varre o meu espírito.

Desejo poder voltar um dia. Seja também esta a vontade dos Deuses.

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