quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Mais palavras (as minhas)

É comum e recorrente aperceber-me que durante as minhas intervenções nas aulas, alguns colegas, jovens e menos jovens, não parecerem apreciar as mesmas. Paciência. Não falo "para mostrar que sei". Estou-me positivamente a borrifar para quem assim pensa. O conhecimento para mim só existe para ser partilhado. Nunca o usei, não o uso, e nunca o usarei para exercer poder sobre os outros, embora (e talvez por isso mesmo) saiba o poder que o conhecimento significa. Mas não irei por aí. Necessito de pouco, muito pouco, e desse muito pouco, apenas necessito de um pouco. Na verdade, além de um pedaço de terreno com dois metros de comprimento, um de largura, e um de fundura, pouco mais peço.

Não passo as aulas a "bichanar" com o colega do lado. É de uma enorme falta de respeito para com os colegas e para com o professor. Corta completamente o fio condutor do pensamento. Mas afinal, quem assim procede na verdade não está ali para aprender, mas sim para levar o tão almejado "canudo". Desejo-lhes boa sorte, irão precisar dela! Quando alguém intervém, mas para acrescentar alguma coisa à aula, fico-lhes muito grato. Eu sempre gostei de aprender coisas novas, e tenho a humildade de admitir a minha ignorância quando ela existe, da mesma forma que não tenho a imodéstia de fingir ser ignorante noutras matérias, para não incomodar os outros. Nunca fiz, não faço, e não farei a a ninguém o favor de me deixar calcar, só porque é mais fácil sentirmo-nos mais elevados, não pelo esforço de elevação, mas simplesmente porque mandamos os outros para baixo. Num curso de Antropologia, que supostamente nos pretende dar alguma bagagem em Humanidades (e em Humanidade, espero eu), custa ter que partilhar tais momentos de saber com tal gente. Mas enfim, não se pode escolher. Parece que o "Ensaio sobre a Dádiva" do Marcell Mauss lhes passou ao lado. Pode ser que um dia voltem a ler e que o façam com outros olhos. Até lá, desejo-lhes as melhoras. Se as coisas piorarem, tenho sempre a possibilidade de pôr algum "burgesso" na ordem. Já o fiz muitas vezes ao longo da vida. E se o tiver que fazer de novo, farei. E se alguém me disser que eu estou errado, procurarei certificar-me do meu erro. Agora, que ninguém espere que pactue com gente mal formada e mal educada, sem berço, e convencida que é esperta. Admiro a inteligência, abomino a esperteza saloia. Quem quiser que "enfie o barrete". Entretanto, há algumas pessoas que nos entendem. E são sobretudo essas que valem a pena. De outra forma, a solidão seria infinita.

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