terça-feira, 25 de novembro de 2008

A estrada da Beira e a beira da estrada

E os ilustres aprendizes de Antropólogos continuam na "sua" de que o incesto é uma pura construção cultural. Está bem, fique lá com os pedais... Agora eu é que não estou pelos ajustes, e não tenho a mínima intenção de deitar anos de biologia para o lixo. A biologia não inventou a sexualidade por acaso. Esta tem um papel fundamental: a troca de material genético, de gâmetas, que promove a diversidade genética. E esta é fundamental para a sobrevivência de uma espécie. e para a evolução. De outra forma a natureza podia muito bem continuar a reprodução por outras vias. A simples divisão celular, ou a clonagem, que os pulgões tão bem praticam. Essas formas de reprodução duraram milhões de anos, até à "invenção" de uma reprodução mais avançada chamada sexualidade. Mesmo as plantas, que são na generalidade hermafroditas, usam a polinização cruzada. Nos animais, onde a diferenciação sexual é a regra, encontramos exemplos de hermafroditismo. Por exemplo, os caracóis são hermafroditas. No entanto, não se fecundam a si próprios. Em vez disso, procuram sempre um parceiro para copular. A simples observação dos comportamentos sexuais demonstra que a consanguinidade (e por consequência o incesto, tal como ele é entendido nas modernas ciências) é um tabu universal. A natureza sabe muito bem que o incesto "promove" exactamente aquilo que a sexualidade combate. A diversidade é boa para os genes, para a perpetuação da vida e para a sua evolução.
A sexualidade tem custos enormes em termos de gasto energético. Quem de nós ignora o trabalho que dá sair nas noites de sábado para encontrar uma parceira/parceiro? Havendo fêmeas ou machos mais próximos, não seria menos custoso usa-las? Claro que podemos encontrar exemplos de incesto. O cão que não tiver outras oportunidades de parceiras que não as suas irmãs ou mãe acabará por copular com elas. Mas em meio natural nenhum canídeo nem nenhum mamífero praticará a consanguinidade. Os babuinos por exemplo expulsam os jovens machos do grupo para posições marginais, obrigando estes a copular fora do grupo consanguíneo. No seio da humanidade, por desvio comportamental ou por imposição cultural (Por exemplo nas dinastias sagradas dos Incas ou dos Faraós), o incesto pode ser praticado. No último exemplo, aí sim, temos uma construção puramente cultural. Não compreender isto é não perceber nada de biologia, arriscando-se os distintos Antropólogos a procurar compreender o Homem, sem passar pela biologia. Mas desta forma, teremos "cientistas sociais" que confundem a Estrada da Beira com a beira da estrada. E ficam convencidos de que são a mesma coisa. E sairão da faculdade muito doutos, a saber imenso de cultura, mas muito pouco da verdadeira natureza Humana. Porque, pôr o Homem fora da biologia, em pleno século XXI, é no mínimo divertido.

A sério : leiam mais biologia, química, e ciências exactas em geral. Para não saírem coxos do curso.

PS. Não convirá ignoar que para além dos 5 sentidos, existe um outro que normalmente é ignorado, e que parece ter um papel fundamental. Situa-se no interior dos nossos narizes, e até há pouco tempo era considerado um apêndice inútil. Estudos recentes parecem apontar antes para um "detector" de feromonas, moléculas sem cheiro, mas transmissoras de informação vital. Esperemos pelos avanços das ciências para saber qual o verdadeiro significado destes processos de troca de informação. Entretanto, procurem saber a origem da palavra "feromona".

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