quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Momento de viragem

Quando o imperador Juliano, o Apóstata (331-363), mandou fazer uma consulta ao oráculo de Delfos, consta que a pitia terá respondido a chorar : Digam ao imperador que o templo glorioso caiu em ruínas; O Deus (Apolo) já não mora aqui; as folhas dos lauréis estão silenciosas, as fontes sagradas e proféticas secaram, estão mortas.”

Creio que ester terá sido porventura um dos momentos de maior viragem na história da Humanidade!
Estima-se que o oráculo de Delfos tenha começado a funcionar nos finais do segundo milénio antes de Cristo, isto é, entre 1200-1100 a.C. , tornando-se célebre, entre tantas outras coisas, por ter previsto o fim do reino da Lídia e eternizando-se para sempre na literatura ocidental ao ser citado na peça de Sófocles “Édipo Rei”, quando informara o personagem central de que ele “mataria o pai e casaria com a própria mãe”. Não houve grego famoso naqueles quase mil e quinhentos anos de prática da vidência que não lhe fizesse uma visita, tentado averiguar que futuro o aguardava.

Fazem parte da sua galeria ilustre uma boa quantidade de generais e conquistadores, inclusive os comandantes romanos que ocuparam a Grécia no século II a.C. Consta que, depois da sua quase destruição ocorrida no século VI a.C., quando o templo foi reconstruído com dotações pan-helénicas, coube ao imperador Nero submeter o oráculo de Delfos e suas cercanias a um saque que lhe rendeu mais de 500 estátuas levadas depois para Roma. O local foi fechado finalmente pelo imperador Teodósio, em 385, por ocasião da sua campanha antipagã , pois o cristianismo encaminhava-se para tornar-se a religião oficial do Império Romano e via aquele espaço oracular como um centro da superstição a ser combatida.

Porém, Delfos já se encontrava em total decadência bem antes de ser definitivamente enclausurado, naufragando com o declínio do paganismo.

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