domingo, 21 de dezembro de 2008

Sede de infinito


Duas horas de lazer, e lá vão os aprendizes de Antropólogos "plantar" o telescópio no alto do monte, longe das luzes de Alcoutim. Mesmo sem telescópio ou binóculos, o universo entra-nos pelos olhos dentro. As estrelas faiscam intensamente, aos milhares sobre as nossas cabeças. Apetece agarrá-las com as mãos, de tão próximas. A nebulosa de Orion, verdadeira maternidade de estrelas, resplandece com as suas estrelas do trapézio. O enxame duplo do Perseus, pequena mancha de luz à vista desarmada revela-se ao telescópio como um aglomerado de milhares de estrelas, cintilando na noite como diamantes. Mais ao lado, uma pequena mancha difusa de luz, a galáxia da Andrómeda, irmã gémea da Via Láctea, um disco ténue de 100.000.000 de estrelas, rodopiando lentamente sobre um núcleo. Apesar de ser a mais próxima galágia da Via Láctea, (se exceptuarmos a pequena e a grande nuvem de Magalhães, galáxias satélites da via Láctea), a luz desta vizinha que acabamos de observar pela ocular do telescópio levou 2,3 milhões de anos a chegar até nós. Dito de outra forma, a Lucy andava a passear pelo vale do Rift, em África, quando a luz das estrelas da Galáxia de Andrómeda de lá saiu! Duas colegas coleccionaram alguns minutos de vida que espero sejam recordados para sempre. A perspectiva dos futuros Antropólogos ganhou outra dimensão. Faltaram uma ou duas presenças! Mas a vontade dos Deuses raramente coincide com a vontade dos Homens.

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